4º Sarau Ao Pé Da Serra


"Poeta, não é somente o que escreve, é aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso."
(Cora Coralina)
Agradecemos aos poetas que aqui cantaram, declamaram, transformaram, com o corpo, movimento em poesia e aos que simplesmente aqui se emocionaram.


Tamer e Mariana: acrobacia no tecido



Marina e Stella


músicas:
Kiss Me (Six Pence None The Richer)
Tchubaruba (Mallu Magalhães)

Marina: violão
Stella: voz e violão

João


música: Vida (João e Pedro)


Pedro


música: Amor Maior (Jota Quest)



Flávio Araújo



Alôito na Peixaria

Para minha avó Dinah

Moro em parati
embora lula presidente
aqui quem manda é o polvo
fruto do mar é a gente.

Gosto de perna de moça
Sai de banda baiacu
Olhudo eu mostro linguado
Mando lamber sururu

Visto casaco de ferro
Toco meu cação viola
Não sou de fugir da arraia
Sou cascudo feito santola

Quero ser seu namorado
Não fique assim tão bicuda
Venha cá maria mole
Meu cação anjo te ajuda.

Pindá pra mim seu gudião
que bate qual cação martelo
não sou mais siri cagão
feito marlim do amarelo

Peragica um pouquinho
Deixa eu ficar mais bonito
Seu coração vou
robalo
Com o terno do João Zé gonguito.

Mira não vá embora
Pela trilha da
baquara
Se for leve meu galo
Minha espada na bandola.

Vamos andar de chicharro
Dançar na salambiguara
Depois chame seu sargo
Pra cavalgar de
cavala

Minha bela
prejereba
Só pra você tiro o xaréu
Nesse teu
olho de boi
Pregoaí
meu coração no céu.

Em terra de
Corcoroca
Quem tem escama é peixe-reis
Peixe agulha não se invoca
Em malha de fio japonês.

Eu sei que sou
carapau
Um mero cabeça de
bagre
Mas não cangulo desaforo
De porco nem roncador

Não vá ouvir imbetara
Que dona cambeva falou
Ela só faz sororoca
De peixe trabalhador.

Vá pra minha casa
Guivira à esquerda
Vendo a casa do tainha
Tu cambira pra direita

Pergunte pra dona caranha
Onde mora tal pescador
eu tiúna pampo pampo
Tô com saudade canhanha!

Moro em parati
Embora lula presidente
Aqui quem manda é o polvo
Fruto do mar é a gente.



Obs. Todos os nomes em negrito correspondem a peixes,
moluscos e crustáceos geralmente encontrados
nas peixarias de Paraty.


Esta poesia de Flávio Araújo está no seu livro Zangareio que foi lançado pelo Selo Off Flip em 2008.














Gil Jorge






Navalha

Falsas manhãs na minha janela
"palhaços das perdidas ilusões"
Penso como você pensa e me mata
Espelho, espelho, espelho...

Notas dedilhadas na guitarra
Me agarro em sombras, em fumaças
Em meu maço de cigarros...
O tempo me lava a alma
Linda criatura!
Tua carne crua
Navalha, navalha, navalha...

Todo deus é cruel, todo anjo é terrível
eu não creio em nada, em nenhum mito,
Minto, minto muito, descaradamente,
Nada pode me salvar, talvez a tua carne crua,
Linda criatura,
Navalha, navalha, navalha...

Algumas verdades ditas em silêncio
E uma certa ilusão de que chove lá fora
Em que todo tempo é suspenso
Penso
Sem memória
Espelho, espelho, espelho...
Navalha, navalha, navalha...








Gil compartilha estas e outras poesias em sua página no Facebook:
http://www.facebook.com/home.php?#!/photos.php?id=1848653338




Gil e sua esposa Jacira já tiveram casa noturna em São Paulo, hoje estão com um quiosque na praia do Jabaquara em Paraty-RJ, o Biruta's Gril, local ideal para curtir um belo visual tomando uma cerveja gelada ao som de boa música e saboreando drinks e pratos elaborados, com carinho, pelos dois.




Rodrigo Passos



Minhas asas

Ando não mais atoa.
Falo,falo e nunca expiro.
Olho para o lado.
Vazio e consciente
estão todos a me esperar.
Que se rompam as partes
íntimas e idéias mascaradas
repousem em camas ja arrumadas.
Não quero sua armadura
que inibe os poros e intorpece a alma.
Estarei sempre com minha cara limpa
pronto ao primeiro tapa.
Pois a manhã que me alcança me acaricia
com os ditames de uma livre causa.
Eu e eu mesmo e o que sobrou
de algumas tempestuosas voltas.
Ao interior de homem que em mim guerreavam
atrás de vãs vitorias.
Foram tantas as amantes que me instigararam.
Mas trilhas foram e são necessarias.
Há verdades que me insultam.
Mas vivo e viverei sempre com minhas asas.


Indefeso

Estou cansado.
me faltam palavras.
e as que ficaram,
partiram em silênciosa revoada.
Tentei exprimir a lágrima
que corre no papel
e diante dos anseios
me calo e não me ouso
É estranha emoção
que ensaia uma prece...
Uma prece que vem do final de mim.
E indefeso em meu castelo
abrigo uma mentira.
Que sussurra em meus ouvidos
em tom de alegria
embalando os sonho que esqueci.
Estou cansado!



Neuroses

Meia-noite.
não consigo dormir.
Estou em vários lugares.
perdido em vários momentos.
Pessoas estão sonhando.
Outras deixaram de sonhar.
Sempre há pesadelo.
Sombra projetada na parede
de joelhos.
Várias vezes tentei ouvir o silêncio
nas neurose das minhas idéias.
Lá fora cães latem furiosos,
talvez espantando o mal
que intimamente estou chamando.
Sozinho,ouço o palpitar
estranho, descompassado do meu coração.
Fui tomar água, mas estava suja
assim como meuS desejos.
Nunca acreditei na moralidade dos seus olhos
nem na astúcia dos seus modos.
Mas mesmo assim me entrego
como víciado num prazer momentâneo
do corpo.


Rodrigo Passos


"Sou Paratiense(RJ) tenho 29 anos, e gosto de escrever, mas acreditem não me considero poeta, não tenho técnica de um poeta, mas sinto como poeta e transmito ao leitor minha subjetividade, não domino a gramática, tiro das palavras a essência que preciso, necessito extravasar pequenas partes de mim presas ao longo da minha caminhada e a poesia proporciona isso."


http://www.rodrigo7passos.blogspot.com/




Henrique Armengol


Música: Odisséia Humana (Enrique)

Enrique participou este ano do XIV Festival de Música e Ecologia da Ilha Grande com a música "As Canções Que Eu Sei Cantar" uma parceria com Flávio Araújo e ficou entre as seis finalistas.

No Myspace:
http://www.myspace.com/enriquearmengol


Enrique e Julio


música: Dos Gardênias (Isolina Carillo)
Enrique: violão
Júlio: voz




Júlio é artesão, trabalha com madrepérola e prata.
É também um ótimo cozinheiro da gastronomia peruana e neste sarau além de nos encantar com sua bela voz nos ajudou, com todo seu alto astral, atendendo no bar.




Luis Rayman






Luis tocou e cantou músicas de Luis Calamaro






Giva
Improvisação com tambor: Sítio Teva


Enrique e Bruno em uma Jam Session






Obrigada à todos, especialmente à Gigia, pelas fotos que registraram este evento

Beijos

"... sou poeta e não aprendi a amar..."
(Cazuza)